Pintura
Andrea Pozzo, Glória de Santo Inácio, frescos do teto da Igreja de Santo Inácio, Roma, 1684
Este fresco de Andrea Pozzo, apesar de não ser um fresco de Miguel Ângelo ou de Leonardo da Vinci, é um dos frescos mais admirados e estudados do mundo. Como uma das decorações mais representativas da plástica barroca, serviu perfeitamente aos intentos da Igreja Católica e ao seu programa da contrarreforma. Para combater o alastrar do protestantismo, a Igreja empreendeu um programa de exaltamento e glorificação dos santos da Igreja. O pintor, um padre jesuíta, pinta a ascensão em glória do Fundador da Companhia de Jesus. S. Inácio, guiado por Deus, ascende ao Paraíso, ao mesmo que tempo que as luzes divinas iluminam os quatro cantos do mundo, aqui representados pelas alegorias pintadas em cada canto da composição. O fresco, pintado em perspetiva, usando as técnicas de trompe-l'oeil (ilusão de óptica) e sotto in sú (de baixo para cima), dá a ilusão que a abóbada não existe. O prolongamento das estruturas arquitetónicas através da pintura e a ascensão e movimentação de dezenas de figuras impossibilitam saber onde acaba a estrutura em pedra e onde começa a pintura.



Rafael, A Escola de Atenas, 1508-1511
Sala da Assinatura, Vaticano
Nesta obra, Rafael recuperou um tema clássico, interpretando-o como se fosse um fresco de uma villae romana. Numa composição algo complexa, Rafael coloca 60 figuras da Antiguidade Clássica dentro de um espaço pleno de harmonia, equilíbrio e proporção, ideais do Classicismo do Alto Renascimento.
Tendo estudado as pinturas de Miguel Ângelo e de Leonardo da Vinci, de quem herda o desenho e a técnica do sfumato, Rafael procura "suavizar" mais as suas figuras e composições.
Numa representação onde é possível identificar quase todas as personagens, assistimos a vários grupos de pessoas, que discutem entre si as sete artes liberais (a lógica, a gramática, a retórica, a aritmética, a música, a geometria e a astronomia). Ao centro, dirigindo-se a nós, com serenidade e segurança no andar, surgem Platão e Aristóteles, os dois grandes filósofos da Antuiguidades, em quem os humanistas do Renascimento se apoiaram para fundar o seu pensamento. Identificamos Platão erguendo o dedo para o céu, interessado no mundo das ideias, enquanto que Aristóteles aponta a sua mão para a Terra, para o que existe realmente.
Como homenagem aos seus mestres, Rafael pinta-os nesta obras (Leonardo como Platão e Miguel Ângelo como Heráclito). Também ele aqui aparece, num autorretrato, a olhar para nós.